A mulher e a cidade: corpo, gênero e espaço
Resumo
Ocupar a cidade enquanto mulher pode, por muitas vezes, se mostrar como uma ação natural e carregada de neutralidade. Entretanto, ao estabelecer uma maior aproximação do urbano e de suas discussões, deparamo-nos com inúmeras interferências e ruídos que dificultam ou impossibilitam o diálogo com as questões de gênero. A arquitetura e o planejamento urbano, vinculados ao poder, criam cidades que se opõem àquelas criadas pelo cotidiano de seus habitantes, anulando e desconsiderando suas necessidades e experiências urbanas. A hierarquização dos corpos baseada no sexo faz o mesmo com os corpos femininos, considerados frágeis e inferiores, criando, assim, um outro tipo de cidade e vivência deles. Portanto, neste ensaio, busca-se analisar as questões da cidade e dinâmicas urbanas a partir do olhar da mulher, na tentativa de compreender de que forma e por que razão ocupamos os espaços de maneiras tão distintas e o quanto a arquitetura e o urbanismo influenciam em tais questões.
Referências
BOURDIEU, Pierre. Dominação masculina. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
CALIÓ, Sonia Alves. Incorporando a questão de gênero nos estudos e no planejamento urbano. Encuentro de Geografos de America Latina, Puerto Rico, v.6, p.1-9, 1997. Disponível em: <https://bityli.com/EDATC>. Acesso em: fev. 2021.
CORTES, José Miguel. Políticas do espaço: arquitetura, gênero e controle social. 1. ed. São Paulo: Editora Senac, 2008.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Editora Elefante, 2017.
FIRESTONE, Shulamith. A dialética do sexo: um estudo da revolução feminista. São Paulo: labor do Brasil, 1976.
HARKOT, Marina Kohler. A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo. 2018. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano e Regional) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
ROMÁN, Marta; VELÁZQUEZ, Isabel. Guía de urbanismo con perspectiva de género. Consejería de Política Social. Mujer e Inmigración. Comunidad Autónoma de la Región de Murcia, 2008. Disponível em: <https://www.gea21.com/archivo/guia-de-urbanismo-con-perspectiva-de-genero/>. Acesso em: mar. 2021.
SANTORO, Paula Freire. Gênero e planejamento territorial: uma aproximação. In: Anais do XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, Caxambu (MG), set./out. 2008. Disponível em: <https://bityli.com/pLECF>. Acesso em: fev. 2021.
SENNETT, Richard. Carne e pedra: o corpo e a cidade na civilização ocidental. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2003.
SIQUEIRA, Lucia de Andrade. Por onde andam as mulheres? Percursos e medos que limitam a experiência de mulheres no centro de Recife. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015.
VILLAGRÁN, Paula Soto. Patriarcado y orden urbano. Nuevas y viejas formas de dominación de género em la ciudad. Revista Venezolana de Estudios de la Mujer, Universidad Central de Venezuela, v.19, n.42, p.199-214, jan./jun. 2014.
