Sertão e Desierto: aproximações entre o Império do Brasil e a República da Argentina no início do século XIX
Palavras-chave:
América Ibérica, sertão, desiertoResumo
A partir de um levantamento bibliográfico, o artigo apresenta uma proposta inicial de investigação acercada construção das identidades nacionais no Cone Sul da América, concomitantemente e logo após os processos de emancipação das ex-colônias ibéricas, nas primeiras décadas do Oitocentos, com destaque para Brasil e Argentina. A partir de um recorte que extrapola as fronteiras nacionais, investigamos as convergências nos debates acerca das populações indígenas remanescentes, em especial aquelas que habitavam áreas que não haviam sido significativamente penetradas ou reconhecidas durante os períodos coloniais. Nas duas nações independentes, essas regiões eram descritas textual e cartograficamente como “vazios”, onde faltavam elementos materiais e imateriais próprios à civilização, nos moldes propostos principalmente a partir do contexto francês, desde o século XVIII. Nas províncias de São Paulo e Buenos Aires, esses “vazios” foram denominados “sertão” e “deserto”, respectivamente. Trazemos a hipótese de que essas representações correspondem não apenas a significados locais, mas também aos conteúdos debatidos em espaços intelectuais compartilhados por essas duas nações, para o que corroboram os sabidos trânsitos de sujeitos e materiais entre institutos históricos e geográficos nacionais.
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