Cidade-Pedreira: a manipulação da matéria na urbanização do Rio de Janeiro

Resumo

Este ensaio é um desdobramento de um Trabalho de Conclusão de Curso e foi utilizado como um espaço ainda não completamente contaminado pelas convenções do ofício contemporâneo do arquiteto para circunscrever uma série de questionamentos construídos durante a graduação. O tema explorado é a paisagem urbana, resultante de uma relação dialética e indissociável entre humanos e o ambiente natural e construído. Utiliza-se como ferramenta de análise a indústria da extração de rochas e a técnica construtiva com a qual ela se relaciona, tendo como foco a mão de obra escravizada, degredada ou imigrante, que contribuiu fortemente para a construção da cidade do Rio de Janeiro, e os corpos que a povoam. Os vazios das inúmeras frentes de pedreiras desativadas pela cidade são enxergados como possíveis receptáculos de memória das relações sociais intrínsecas à formação e manutenção de cidades. Portanto, esses vazios monumentais, resultantes de uma simbólica transformação do relevo em arquitetura, configuram-se como espaços potentes para a discussão do papel do projeto e, consequentemente, do papel do arquiteto e urbanista.