Espaço em desatino: discursos sobre a loucura

Resumo

O objetivo deste ensaio é analisar a instituição e o discurso psiquiátrico no espaço manicomial, entendendo as narrativas e a articulação de diversos campos do conhecimento que permeiam a arquitetura, sobretudo na formação de subjetividades, para formular uma crítica das práticas políticas. Para isso, utilizamos como base teórica a análise de Michel Foucault sobre a instituição manicomial e as estruturas de poder. A apreciação de três objetos embasa o ensaio: o conto “O Alienista”, de Machado de Assis, o Hospital-Colônia de Barbacena e o Museu das Imagens do Inconsciente, antigo Centro Terapêutico Dom Pedro II. As análises têm como objetivo pensar a arquitetura para além da construção e de uma resolução funcionalista da vida humana, evitando um discurso reducionista e ingênuo. O espaço produzido é influenciado por diversos agentes que nele atuam, como também produz indivíduos e suas subjetividades. Os relatos e propostas de artistas, médicos, psiquiatras e dos próprios sujeitos considerados loucos revelaram os diferentes agentes e efeitos que atuam em uma instituição manicomial e quais possibilidades de realidade ela é capaz de criar.