Fragmentos de uma cidade palimpsesto

Autores

  • Marina Schahin Coccaro ESCOLA DA CIDADE

Palavras-chave:

marcos, paisagem, verticalização

Resumo

Este trabalho parte da indagação sobre a orientação espacial das pessoas no cotidiano e o papel das referências geográficas e arquitetônicas na paisagem urbana. Esse questionamento levou à observação de dois elementos – um farol e uma igreja – localizados nos extremos opostos da cidade de São Paulo – leste/oeste – e que se aproximam pelo papel que desempenham enquanto referências na paisagem. Carregados de teor simbólico/poético, tanto o farol do Jaguaré quanto a basílica da Penha são arquiteturas verticais construídas em cotas elevadas, garantindo destaque na paisagem paulistana. O modelo de desenvolvimento da metrópole não favoreceu a manutenção de visuais e características geomorfológicas do território, culminando numa sobreposição de elementos construídos – vias, pontes, viadutos, edifícios – em desarmonia com as possibilidades preexistentes da paisagem, como colinas e vales e inclusive os marcos arquitetônicos. Da mesma maneira e por consequência desse mesmo modelo em andamento, o farol do Jaguaré e a basílica da Penha correm o risco de serem invisibilizados como pontos de referência da cidade. Assim, este trabalho lança luz sobre intervenções de resgate e reinserção desses marcos na paisagem.

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Publicado

27-06-2021