Instruções para subir uma escada rolante

Resumo

Este ensaio é o relato de uma pesquisa experimental inspirada na crônica “Instruções para subir uma escada”, de Júlio Cortázar. A pesquisa se propunha a analisar indivíduos e coletivos perante a escada rolante, visando à compreensão desse espaço-objeto através do ritmo, comportamento dos usuários e composição do entorno, e dos pontos de vista arquitetônico e urbanístico. A materialização da proposta consistiu na captura da relação dos usuários com a escada rolante através de um ensaio fotográfico analógico reunido no fotolivro “Futuro do Passado”. As fotografias foram realizadas no centro expandido de São Paulo, que concentra desde a década de 1950 a grande maioria das escadas rolantes, representando as várias camadas de tempo da cidade, assim como a trajetória socioeconômica da população. A primeira escada rolante na metrópole paulistana foi instalada em 1955, na Galeria Prestes Maia. No início causava certa surpresa por ser um elemento de tecnologia moderna inserido num tecido urbano e numa arquitetura ainda ligada a outros preceitos projetuais. Desde então, tornou-se um elemento frequente em diversos tipos de edificações, não só como índice de modernidade, mas também de certa arquitetura genérica que compõe a São Paulo atual.