Plataforma Plus São Paulo — Bixiga + Teatro Oficina: políticas de resistência e diferentes desejos de cidade

Resumo

A plataforma Plus São Paulo dá sequência a um processo de trabalho iniciado em Paris pelos arquitetos Frédéric Druot, Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal, que encontrou um novo território de experimentação: São Paulo, através de suas áreas que possuem grande potencial de transformação e adensamento, e que teve especificamente a Vila Buarque como objeto de estudo e projeto da disciplina de Estúdio Vertical, em 2014, na Escola da Cidade. Desde 2017 o bairro do Bixiga foi incorporado à investigação da Plataforma Plus, com pesquisa e exercícios desenvolvidos pelo próprio grupo, em conjunto com o Estúdio Vertical e, ainda, através do programa de Pesquisa Experimental da Escola da Cidade, cujo relatório final, das alunas Catarina Calil e Lais Silva, é a base do texto publicado nesse Caderno de Pesquisa. Profundamente conectado à questão do reaproveitamento das situações urbanas existentes, a Plus tem como foco levantar os “territórios capazes”, isto é, detectar as oportunidades de fornecer respostas à carência de moradia, explorando os vazios, os edifícios subutilizados, os terrenos a serem adensados. Nesse sentido, a Plataforma Plus busca no corpo do déjà-là as potencialidades de projetos futuros, demonstrando que construir plus reflete o construir com o existente, atrelado ao corpo urbano atual, sem necessidade de se deslocar fora dele para encontrar o espaço edificável disponível. A Plataforma Plus se dedica ao aprendizado do urbanismo e da arquitetura, como uma forma atenta de olhar a cidade, na compreensão simultânea das suas diversas escalas, desde o interior das casas, a forma de cada um habitar, até as questões de infraestrutura, legislação urbana, questões sociais, econômicas e ambientais. Através de um estudo fino do perfil urbano atual das quadras ao redor da Escola da Cidade, bem como do bairro do Bixiga, os estudos da Plataforma procuraram revelar características, identidades e condicionantes do território no qual vão se tornar legíveis as capacidades de transformação do tecido existente; buscando fomentar propostas generosas, duráveis e indissociáveis dos desejos das pessoas que trabalham, frequentam, passam pela região e, especialmente, aquelas que moram no perímetro de estudo definido para essa plataforma. A Plus São Paulo constrói-se, então, com a dinâmica de alunos da Escola da Cidade e arquitetos colaboradores, orientados pelos professores Fernanda Barbara, Camille Bianchi (até 2017) e José Guilherme Pereira Leite, em parceria com o arquiteto francês Frédéric Druot, que participa do desenvolvimento do projeto constantemente em Paris e de encontros intensivos em São Paulo, que ocorrem periodicamente.