Aquilo que o olho de branco urbano não vê, não existe

Autores

  • Thiago Magri Benucci ESCOLA DA CIDADE

Resumo

“Segundo os Yanomami a floresta está viva e sua beleza, sua calma e seu silêncio não são sem razão. É através do intenso trabalho dos espíritos auxiliares xapiri, concebidos como verdadeiros ‘donos’ e ‘pais’ da floresta, que seus ciclos permanecem regrados e sua riqueza e fertilidade contínua beneficiando-lhes. Além do mais, são os xapiri que protegem os Yanomami e a terra-floresta de todas as coisas ruins, os seres maléficos në wari e os espíritos da epidemia xawarari. Segundo Kopenawa, a floresta só ‘parece estar quieta e nunca mudar porque os xapiri a protegem com coragem, empurrando para longe dela o vendaval Yariporari, que flecha com raiva suas árvores, e o ser do caos Xiwãripo, que tenta continuamente fazê-la virar outra’ (Kopenawa; Albert, 2015, p. 468).

Referências

ALBERT, Bruce. Urihi: terra, economia e saúde Yanomami. Série Antropologia, n.119. Brasília: UNB, 1992.
ALBERT, Bruce et al. Urihi a: a terra-floresta yanomami. São Paulo: ISA/ IRD, 2009.
DELEUZE, Gilles. Michel Tournier e o mundo sem outrem. In: Lógica do sentido. São Paulo: Perspectiva, 1975, apêndice IV. p. 311-330.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. São Paulo: Papirus, 1989.
RAMOS, Alcida Rita. O paraíso ameaçado. Sabedoria Yanomami versus insensatez predatória. Antípoda: Revista de Antropología y Arqueología, n.7. Bogotá: 2008.
SOLÀ-MORALES, Ignasi de.Territórios. São Paulo: Gustavo Gili (GG), 2002.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002.

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Publicado

07-11-2023