Limiares de São Paulo
Resumo
“Limite” pode ser compreendido como uma linha que divide dois espaços. A separação entre duas cidades, por exemplo, é uma fronteira espacial comprimida a uma linha. Já “limiar” pode ser compreendido como uma zona intermediária que conecta dois lugares diferentes. As transposições nessas zonas de transição ocorrem num período de tempo mais dilatado. Uma tradução da palavra schwellen é justamente inchar, dilatar. Esta pesquisa propõe como método de investigação a produção de um ensaio fotográfico sobre a cidade de São Paulo a partir dos conceitos de grenze (limite) e, principalmente, de schwelle (limiar), elaborados por Walter Benjamin e desenvolvidos por Jeanne Marie Gagnebin. Esta publicação é a conclusão de um ano de pesquisa, no qual foram realizadas cerca de trinta saídas fotográficas, em sua maioria em lugares desconhecidos. Todas as imagens foram feitas em filme analógico preto e branco, tanto por conta do tempo dilatado que existe entre a captação do momento e o surgimento da imagem, quanto por esta ser uma ferramenta já familiar ao pesquisador.
Referências
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Limiar: entre a vida e a morte. In GAGNEBIN, Jeanne Marie. Limiar, aura e rememoração: ensaios sobre Walter Benjamin. São Paulo: Editora 34, 2014. p.33-50.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. In VERLAG, Suhrkamp. Magia e técnica, arte e política. v.1. São Paulo: Brasiliense, 2012. p.165-194.
BARTHES, Roland. Câmera clara. São Paulo: Nova Fronteiras, 2015.
FLUSSER, Vilém. A filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Editora Hucitec, 1985.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Cascas. São Paulo: Editora 34, 2017.